O forte calor que atingiu o país nas primeiras semanas de janeiro, aliado a problemas ocorridos em algumas linhas de transmissão, levaram o Brasil a importar emergencialmente energia elétrica do Uruguai e da Argentina, para melhorar a reserva interna disponível.
O diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, esclareceu à Agência Brasil que o que levou à importação não foi um problema de falta de energia, mas de potência e de reserva de potência. “Nós teríamos condições de atender à demanda sem a necessidade de importar energia dos dois países. Mas por uma questão de reserva, nós solicitamos e fomos supridos por pouco mais de 2 horas. Passada a hora de maior demanda nós interrompemos o intercâmbio”.
Produção
No último dia 22, o país atingiu o maior nível de produção de energia em duas décadas, em decorrência do aumento elevado do consumo, provocado pelas altas temperaturas registradas.
Barata informou que nas duas últimas semanas o país enfrentou alguns problemas complexos, que começaram no Ceará, com a queda da linha Pecém-Fortaleza, no dia 11. Em seguida, fortes ventos derrubaram duas torres em Xingu, que retirou do sistema um dos dois Bipolos do Madeira. Na Bahia houve, ainda, a derrubada da linha [de transmissão] Barreiras-Rio das Éguas, em razão de uma tentativa de roubo de material.
“Na semana subsequente, as condições de agravaram porque nós perdemos o segundo polo do Madeira por problemas no transformador, em Araraquara, e perdemos ainda a usina nuclear de Angra II. Além dos problemas operacionais, tivemos um aumento considerável da potência ao longo da tarde por causa do forte calor”, disse Barata.
“Obviamente nós solicitamos uma importação emergencial da Argentina e do Uruguai, mas isso faz parte, nós temos um acordo com os dois países para, no caso de distúrbios sérios, nos socorremos mutuamente”.
Barata informou que, na semana passada, o país novamente teve necessidade de recorrer ao países vizinhos. “Nós tivemos, na ponta, uma demanda maior do que a da véspera e, novamente, com a importação dos dois países, nós atendemos toda a carga demandada sem qualquer tipo de distúrbio de frequência ou tensão”.
Intercâmbio
Para o diretor do ONS, mais que o socorro dos dois países “a robustez e a resiliência do Sistema Interligado possibilitou que o país passasse por esses problemas sem que o consumidor final sequer ficasse sabendo do ocorrido”.
Mas mesmo admitindo a robustez do sistema, “não podemos deixar de reconhecer a importância do intercâmbio com os países vizinhos. O que reforça a tese de que as interligações internacionais são absolutamente favoráveis ao aumento da confiabilidade do sistema, ao permitirem a ajuda mutua”.
“Neste caso específico, o intercâmbio foi favorável a gente, mas por diversas vezes fomos nós que socorremos o sistema argentino por problemas de queda de linhas de transmissões. E esse tipo de atendimento não é realizado em troca de pagamento, mas de crédito em energia”, esclareceu.
Fonte: UDOP